Fica evidente - por esse episódio e outros - a grande dificuldade em se estabelecer um debate público no Brasil hoje. Em grande parte porque algumas pessoas têm uma tendência em colocar o seu próprio umbigo no palco, em vez de fazer uma reflexão séria sobre o foco da questão. E, não raro, há o desgaste diante da carência no quesito 'interpretação de texto' de alguns interlocutores.
Revelador da seriedade e honestidade intelectual com que o Pedro Cardoso propõe o debate é o fato, por exemplo, de que ele não nega que o seu momento pessoal também é motivação, em parte, para fazê-lo. Ressalvando que a preocupação com a questão já vinha de antes, até porque já tinha vivido o problema no início da carreira. Isso está muito claro, e ser ignorante pra mim é, literalmente, ignorar deliberadamente partes do texto para fazer acusações levianas ao ator, tentando desqualificá-lo como pessoa.
E eu pergunto: como é que pode ser classificada de "egoística" a postura de alguém que se expõe e coloca em jogo a sua posição de ator consagrado em prol de uma causa pública: o questionamento e a discussão por toda a sociedade dos conteúdos e do exercício da arte do áudio-visual, que produz valores e padrões de comportamento que atingem a todos ?
Outra ignorância é desconhecer - compartimentando e hierarquizando as funções - que a dramaturgia é uma arte coletiva, onde tudo pode e deve ser discutido. Na medida em que lida com os afetos, a emoção e a subjetividade, nenhuma arte é meramente técnica. Aliás, considerar o ser humano como "mera ferramenta", em qualquer atividade, é uma visão autoritária e fascistóide.
Há uma coisa que é preciso ser dita quanto a colocar em alguém a pecha de 'moralista': qualquer pessoa com alguma capacidade de formular um pensamento mais elaborado e com um mínimo de senso crítico sabe que há uma moral em tudo, inclusive em Bocage e Marquês de Sade. Em outras palavras: ser AMORAL é uma forma de MORAL.
É preciso levar em conta também que o depoimento do Pedro Cardoso está associado ao filme. Talvez quando um número maior de expectadores tiver acesso a ele o nível do debate fique mais qualificado.
Fica evidente - por esse episódio e outros - a grande dificuldade em se estabelecer um debate público no Brasil hoje. Em grande parte porque algumas pessoas têm uma tendência em colocar o seu próprio umbigo no palco, em vez de fazer uma reflexão séria sobre o foco da questão. E, não raro, há o desgaste diante da carência no quesito 'interpretação de texto' de alguns interlocutores.
Revelador da seriedade e honestidade intelectual com que o Pedro Cardoso propõe o debate é o fato, por exemplo, de que ele não nega que o seu momento pessoal também é motivação, em parte, para fazê-lo. Ressalvando que a preocupação com a questão já vinha de antes, até porque já tinha vivido o problema no início da carreira. Isso está muito claro, e ser ignorante pra mim é, literalmente, ignorar deliberadamente partes do texto para fazer acusações levianas ao ator, tentando desqualificá-lo como pessoa.
E eu pergunto: como é que pode ser classificada de "egoística" a postura de alguém que se expõe e coloca em jogo a sua posição de ator consagrado em prol de uma causa pública: o questionamento e a discussão por toda a sociedade dos conteúdos e do exercício da arte do áudio-visual, que produz valores e padrões de comportamento que atingem a todos ?
Outra ignorância é desconhecer - compartimentando e hierarquizando as funções - que a dramaturgia é uma arte coletiva, onde tudo pode e deve ser discutido. Na medida em que lida com os afetos, a emoção e a subjetividade, nenhuma arte é meramente técnica. Aliás, considerar o ser humano como "mera ferramenta", em qualquer atividade, é uma visão autoritária e fascistóide.
Há uma coisa que é preciso ser dita quanto a colocar em alguém a pecha de 'moralista': qualquer pessoa com alguma capacidade de formular um pensamento mais elaborado e com um mínimo de senso crítico sabe que há uma moral em tudo, inclusive em Bocage e Marquês de Sade. Em outras palavras: ser AMORAL é uma forma de MORAL.
É preciso levar em conta também que o depoimento do Pedro Cardoso está associado ao filme. Talvez quando um número maior de expectadores tiver acesso a ele o nível do debate fique mais qualificado.