Lembro de um episódio real, um dado bem conhecido da biografia do Freud, que ilustra o fato de que uma coisa é o que os caras disseram, outra é a leitura primária, as interpretações rasas, dos seus escritos: viajando num trem de Viena para Zurique foi interpelado, numa provocação, por um gaiato que capciosamente pergunta: "E daí, Doutor, e um charuto, qual o significado de se fumar um charuto... ?" Ao que Freud plácidamente responde: "Um charuto pode ser apenas um charuto, meu filho ... " No mesmo sentido, é como alguém já disse: até os paranóicos também podem ter inimigos. Todo mundo é livre para dizer e escrever o que quiser. Assim como para ler o que quiser - inclusive Mein Kampf, do Hitler - desde que o faça com senso crítico. O problema não está em Freud, mas nos freudianos. Da parte de muita gente há a clara compreensão de que o verdadeiro significado do Mito de Édipo é bem diferente daquele que Freud lhe atribui - muito mais como um recurso literário, próprio da sua escrita, do que uma formulação científica. Aqueles que ainda se apegam a uma visão edipiana, superestimando o conceito de Inconsciente, estão apenas tentando dar um verniz de profundidade à sua própria estreiteza mental. Outro exemplo é o de Marx* : já em seu leito de morte, é avisado de que um grupo de 'marxistas' pede para ser recebido. Ao que responde: " ... marxistas ... ? O que é marxista ... ? Só sei que marxista EU não sou ... " Ou seja: não há dogmáticos, os únicos dogmas que eu conheço são os da Igreja Católica, que os afirmam como doutrina e de forma explícita. Dogmáticos são os pretensos seguidores que, pela leitura mecânica que fazem, erigem como dogma os enunciados desses pensadores. Na maioria das vêzes, são os mesmos que procuram nas suas leituras apenas aquilo que querem ouvir, para aplacar as suas (más) consciências.
*contido em Marxismo, de André Piettre, Ed. Zahar.
Lembro de um episódio real, um dado bem conhecido da biografia do Freud, que ilustra o fato de que uma coisa é o que os caras disseram, outra é a leitura primária, as interpretações rasas, dos seus escritos: viajando num trem de Viena para Zurique foi interpelado, numa provocação, por um gaiato que capciosamente pergunta: "E daí, Doutor, e um charuto, qual o significado de se fumar um charuto... ?" Ao que Freud plácidamente responde: "Um charuto pode ser apenas um charuto, meu filho ... " No mesmo sentido, é como alguém já disse: até os paranóicos também podem ter inimigos. Todo mundo é livre para dizer e escrever o que quiser. Assim como para ler o que quiser - inclusive Mein Kampf, do Hitler - desde que o faça com senso crítico. O problema não está em Freud, mas nos freudianos. Da parte de muita gente há a clara compreensão de que o verdadeiro significado do Mito de Édipo é bem diferente daquele que Freud lhe atribui - muito mais como um recurso literário, próprio da sua escrita, do que uma formulação científica. Aqueles que ainda se apegam a uma visão edipiana, superestimando o conceito de Inconsciente, estão apenas tentando dar um verniz de profundidade à sua própria estreiteza mental. Outro exemplo é o de Marx* : já em seu leito de morte, é avisado de que um grupo de 'marxistas' pede para ser recebido. Ao que responde: " ... marxistas ... ? O que é marxista ... ? Só sei que marxista EU não sou ... " Ou seja: não há dogmáticos, os únicos dogmas que eu conheço são os da Igreja Católica, que os afirmam como doutrina e de forma explícita. Dogmáticos são os pretensos seguidores que, pela leitura mecânica que fazem, erigem como dogma os enunciados desses pensadores. Na maioria das vêzes, são os mesmos que procuram nas suas leituras apenas aquilo que querem ouvir, para aplacar as suas (más) consciências.
*contido em Marxismo, de André Piettre, Ed. Zahar.