Giba Assis Brasil
(mensagem para Di Moretti 03/07/2006)
Minha visão sobre direitos autorais é um tanto anárquica. Acho que o conceito de direito autoral é arcaico, do século 19, e que só permanece sendo aplicado entre nós exclusivamente porque atende os interesses de grandes corporações como a Warner, a Disney, a Sony Music, etc. Não falo na diferença entre "o conceito europeu" e "o conceito norte-americano" porque pra mim se trata da mesma coisa, apenas ajustada de acordo com os interesses locais - e certamente não os interesses dos autores. Considero a luta das majors contra os piratas domésticos uma luta perdida, que deveria ser encaminhada para formas mais contemporâneas de lidar com a relação entre mercadoria e consumidor no mundo digital. Claro que a venda pirata de produtos deve ser combatida, mas a troca gratuita de arquivos pela internet deveria ser tolerada e, em alguns casos, até estimulada, se a indústria estivesse realmente disposta a entender em que mundo está vivendo.
A própria idéia de "autor" em cinema já me deixa de cabelo em pé: ou o cinema é uma obra coletiva ou não é coisa nenhuma - do meu ponto de vista, claro. Quando ouço falar em "organizar os autores de cinema para que eles tenham os mesmos benefícios que os músicos", então, tenho vontade de sair gritando de pavor. Considero o ECAD uma entidade criminosa, uma máfia cuja principal ação é invadir festinhas de São João de escolas primárias (aquelas em que as professoras se cotizam pra comprar rapadura) a fim de extorquir dinheiro das coitadas que caem na asneira de rodar músicas como "o balão vai subindo" pra brincar com as crianças. Me arrepia pensar que um dia, quem sabe, o cinema brasileiro possa ter um ECAD próprio.
Além do mais, tenho trabalhando cada vez mais como montador - função que geralmente não é considerada "autoral" por quem se dispõe a fatiar a autoria de um filme.