ENTREVISTA ESPECIAL com o ator Carlos Cunha, 51anos.

Carlos Cunha Filho
Carlos Cunha Filho, ator gaúcho, já fez inúmeros filmes, entre eles O Temporal (primeiro filme de Jorge Furtado), Snake (Rogério Ferrari) e Tolerância (Carlos Gerbase). Na televisão, ele teve participações na novela Laços de Família e no episódio Dia de Visita, produzido pela Casa de Cinema para o Brava Gente da Rede Globo.


Tu começou no teatro, né? Quando foi isso?

Me bacharelei em direção teatral pela UFRGS em 1975, mas venho mais atuando. Comecei lá pelo Grêmio Dramático Açores que era do Teatro de Arena. Era um grupo de resistência à censura e à ditadura. E depois trabalhei com a maioria dos diretores de Porto Alegre. Ganhei também o Prêmio Açorianos de melhor ator com o espetáculo King Kong Palace.

Como é o teu personagem, o Antunes?

O Antunes é o pai da Sílvia (atriz Leandra Leal). O Antunes provavelmente se separou da mãe da Sílvia bem cedo e foi quem criou a Sílvia, praticamente. Existe uma dúvida se a Sílvia é realmente filha do Antunes e ele também tem essa dúvida. Tanto que ele não a trata exatamente como filha. Ele tem arroubos de velho tarado, de um cara que, até mesmo, espia a própria filha. E o Antunes, como profissão, é guarda do estacionamento de um banco.

E psicologicamente, como ele é?

O Antunes é um mau caráter. E também um sujeito frustrado, porque provavelmente ele foi muito apaixonado pela mãe da Sílvia e ela o abandonou em função até do próprio caráter dele. O que ele não reconhece. Ele continua achando que foi traído, abandonado e tudo o mais. E isso piorou o que já era ruim do caráter dele. Por outro lado ele é um sujeito capaz de gostar, capaz de ter vivido uma grande paixão pela mãe da Sílvia. É aquela história que eu sempre digo, não existe um sujeito completamente ruim ou completamente bom. Então esse caráter dele é em função do tipo de vida que ele vive e até da sua ignorância como sujeito na vida.

Ele chega a ter algum ressentimento com a Sílvia?

Ele trata essa filha com a permanente dúvida: se ela realmente é ou não sua filha. Por isso ele não a respeita como ser humano, muito menos como filha. E valoriza pouco ela, tanto que ele chega a dizer para o André: "Olha, rapaz. Tu quer casar com a Sílvia, tudo bem. Mas eu com o teu dinheiro e com a tua idade, arrumava coisa muito melhor", e isso a respeito da própria filha.

Fora o filme, o que andas fazendo?

O espetáculo Ano Novo Vida Nova, com texto da Vera Karan e direção do Décio Antunes. A peça já saiu de cartaz em Porto Alegre, mas a idéia é viajar com o espetáculo.

 

Entrevista: Giuseppe Zani - (Web Reporter - Studiorama)