SANEAMENTO BÁSICO, O FILME 

Entrevista com Marcelo Aquino


Quem é seu personagem?

Meu personagem é o Leonardo, dono de uma vinícola. Um empresário rico, que é procurado para patrocinar o filme que está sendo produzido. Ele tem uma cena muito engraçada com a Marina (Fernanda Torres) e com a Marcela (Janaína Kramer) no momento em que elas vão lhe pedir dinheiro.

Como você vê o seu personagem?

Um jovem empresário com um certo sucesso profissional, vaidoso, galanteador apreciador de vinhos e mulheres. Sabe utilizar-se de sua posição social para conquistar o que deseja.

O que orientou a sua preparação para viver o personagem?

O Jorge já indica muita coisa no roteiro sobre quem é esse personagem, mas sua construção se deu a partir de referências dadas pelo próprio Furtado em leituras do roteiro. Sou um ator que trabalha com pesquisa, sobretudo com observação, busco minhas referências no cotidiano, na observação de pessoas de verdade e não através do cinema ou da televisão. Vou pesquisando até achar um jeito de caminhar, de olhar, de gesticular, enfim, uma identidade para este cara.

O que você espera do seu personagem?

Espero que ele seja humano, simpático, verdadeiro e até um pouco engraçado, a situação propicia o humor, e espero tirar partido disto.

Como é ser dirigido por Jorge Furtado?

Um diretor seguro, que quando começa a rodar já tem bem claro o que quer da cena e dos atores. É um privilégio para um ator trabalhar com um diretor como o Jorge Furtado, sua grande marca é a tranqüilidade com que conduz o seu trabalho, e esta tranqüilidade acaba contagiando toda a equipe. Embora ele diga que não, é um excelente diretor de atores, dá os caminhos e as indicações sobre as composições dos personagens, mas deixa uma grande margem para o ator no processo de criação, colocando-se sempre aberto às improvisações e sugestões.

Como foi o convite para trabalhar no filme? Conte essa história.

Meu primeiro longa-metragem foi com direção do Jorge Furtado, o HOUVE UMA VEZ DOIS VERÕES, casualmente o primeiro longa dele também. Sempre quis fazer cinema e foi um grande privilégio ter começado pelas mãos de um dos nossos grandes diretores. Fiz teste para interpretar o Inácio e felizmente fui selecionado. Depois disto fiz outros trabalhos com a Casa de Cinema. Em abril a produtora de elenco, a Cynthia Caprara, me ligou dizendo que o Jorge gostaria de contar comigo no seu próximo longa, e que tinha um personagem que ele gostaria que eu fizesse. Fiquei muito feliz e lisonjeado com o convite e aceitei imediatamente, mesmo sem saber ainda quem era o personagem.

Quais as contribuições que o ator traz para um roteiro escrito por Jorge Furtado?

O roteiro escrito é uma coisa, quando ele cai na mão do ator, na voz do ator, inevitavelmente ele se transforma. A principal contribuição que um ator traz para um roteiro é colocar-se inteiro na defesa de seu personagem, procurando compreender o que não está ali, a vida anterior deste personagem, buscando sempre elementos que tornem estes personagens humanos, críveis.

O que acontece nos ensaios? Ensaio é só repassar o texto? Como é o processo?

Diz-se que o bom diretor é aquele que começa escolhendo bem o elenco. Como disse, o Jorge é bastante tranqüilo no processo todo, reúne o elenco para leituras do roteiro, vai dando indicações, mas deixa o ator muito à vontade na composição. Ensaios de marcações geralmente acontecem no set, salvo, claro, tomadas mais complexas que exijam uma preparação anterior.

Como descreveria a sua relação com o fazer cinema?

Fiz o caminho natural, minha formação é no teatro, mas sempre tive o olho no cinema, não sabia bem como, mas sempre quis fazer cinema. Então veio a publicidade e alguma experiência com televisão, mas o desejo pelo cinema estava sempre ali presente. Aí aconteceu, fiz meu primeiro longa em 2001 e depois disso já participei de cinco longas e oito curtas. É uma linguagem realmente fascinante, esta forma esquizofrênica de interpretar um personagem aos pedaços sem uma ordem lógica é que torna desafiador o trabalho do ator. Temos a sorte de podermos fazer cinema aqui no Rio Grande do Sul, um estado que já é referência no cenário nacional, com bons diretores, bons técnicos, importantes festivais, um ótimo ambiente para nós atores exercitarmos esta tão peculiar linguagem.



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