Nora Goulart (Produtora Executiva): É importante avaliar se a locação ajuda a contar a história. Na hora de escolher, tem que se perguntar se é o lugar, se é onde esses personagens morariam, se eles passariam por ali. Quanto mais real for a locação, melhor. É claro que alguma intervenção a gente faz, mas é melhor que seja verossímil.
Em segundo lugar, mas não menos importante, estão as condições de filmagem. A gente avalia, por exemplo, se é fácil e rápido de chegar, se tem luz ou se tem que trazer gerador, se é perto da nossa base de produção, se tem lugar para o pessoal se maquiar, se vestir, ir ao banheiro. Tem uma série de coisas a se pensar para ter um mínimo de conforto e para que a locação seja um lugar interessante de filmar. Quando esse conforto não existe, temos que criar. Se precisar, a gente leva banheiro químico, faz barraca para alimentação, constrói um lugar para o camarim, um depósito para a produção, outro para a arte. Quando a gente chega na cidadezinha, é como se fosse um circo chegando. São vários caminhões trazendo o material da arte, da produção, do figurino, tem o carro que traz o elenco, carro que traz a direção.
Como a história se passa numa cidade do interior, tínhamos que encontrar um lugar que fosse crível de ser a cidade daqueles jovens. E a gente não tinha muito tempo para filmar. Foram só 5 semanas. As casas, a cidade, a Tailândia. Tínhamos que achar um lugar onde tivesse água, pedra, mato, que fosse pequeno, mas também tinha que ter onde acomodar 50 pessoas, lugar para dormir, para comer. Isso não é simples de achar. Numa cidade pequena não tem hotel para abrigar tanta gente, não tem restaurante. Ficamos um bom tempo pesquisando.
A nossa sede ficou numa cidade e a gente saía para filmar numa outra que ficava a 30km. As cenas na beira do lago são num outro lugar. A Tailândia, em outro. A gente andava com uma estrutura grande, porque nas cidades do interior não é toda hora que tem filmagem. É muito diferente de filmar em Porto Alegre, por exemplo.
Quando a gente mostrou o filme para um distribuidor estrangeiro, ele queria saber quantas pessoas da equipe foram para a Tailândia. Perguntamos: “conheces a Tailândia?”. Ele disse “sim, eu conheço”. As pessoas acreditam que nós fomos até lá, mas na verdade não tínhamos nem orçamento para isso. Fizemos a Tailândia em Rolante.