Jacob Solitrenick (Diretor de Fotografia): O trabalho de fotografia é transpor para a película a imagem que o diretor tem na cabeça, através de figurinos, locações e direção de arte. Acho que 90% do trabalho do fotógrafo é a escolha das locações. Principalmente se a produção não tem grana para construir cenário ou intervir nas locações.
Junto com o diretor, o fotógrafo escolhe as lentes, os enquadramentos e define a dinâmica da câmera. No caso do Antes que o mundo acabe, a gente optou por uma câmera super 16, que é menor, mais leve e mais portátil do que a 35mm. Conseguimos ter mais agilidade e baratear os custos. Em especial, a agilidade era importante para nós. Mudar mais rapidamente de um plano para o outro é fundamental para não parar tanto a cena e não quebrar o ritmo dos atores. Acho que a escolha de equipamento super 16 para esse filme foi acertada.
Além de fazer a fotografia, eu opero a câmera. A Ana tem confiança na minha operação de câmera e isso faz com que eu fique mais solto, mais à vontade, mais seguro para procurar o melhor plano durante o enquadramento e ajustar a composição ao que está acontecendo em cena. Se o diretor não confia, eu fico travado e o processo não é tão legal. A Ana, além de ter um conhecimento absurdo das técnicas de cinema, confia muito nas pessoas que ela escolhe para trabalhar e isso faz com que a equipe vá além.
Outra parte fundamental no trabalho do diretor de fotografia é a iluminação. Tentei fazer um filme o mais alegre possível. Em algumas situações, o Daniel passa por crises, momentos em que a luz fica um pouco diferente. Mas, de forma geral, o filme é muito para cima. E um filme assim tem que ser luminoso, alegre, brilhante. Tentei fazer a fotografia transmitir isso ao público.
Um desafio legal foi fazer a Tailândia sem ir para Tailândia. Essa coisa de ludibriar e fazer de conta é super gostoso quando se faz cinema. A gente brincou com isso e conseguiu um resultado super convincente.