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Uma breve história dos tratores em ucraniano

Grandes romances são raros. Grandes romances escritos por gente que continua viva são raríssimos. Acabei de ler um grande, um extraordinário romance, escrito por uma mulher bem viva, Marina Lewycka, filha de pais ucranianos, nascida num campo de refugiados na Alemanha, logo depois da Segunda Guerra.

Se passa na Inglaterra, subúrbios de classe média. Nadezhda, professora, casada, uma filha, tenta salvar o pai octogenário das garras de uma ucraniana peituda e vulgar, cinqüenta anos mais moça que ele.

"O nome dela é Valentina, ele diz. Mas parece uma Vênus.

- A Vênus de Botticelli surgindo das ondas. Cabelo dourado. Olhos encantadores. Seios estupendos. Quando a vir, você vai entender."

Para enfrentar o poder de fogo de Valentina, que fará qualquer coisa para casar-se e ganhar cidadania inglesa, Nadezhda precisa unir forças com Vera, sua irmã mais velha, com quem está brigada desde a morte da mãe, há dois anos.

Valentina, uma granada rosa e fofa

Todos os personagens do romance são complexos e engraçados, capazes das piores mesquinharias e das atitudes mais nobres, trágicos e ridículos, deploráveis e comoventes, quase humanos. A autora demonstra ter uma imaginação espetacular, capaz de impregnar o melhor da ficção - uma trama engenhosa, surpresas, grandes cenas, diálogos precisos e engraçados - com o melhor da memória - acontecimentos vivenciados descritos em detalhes, personagens inimagináveis, situações incríveis, dor e redenção reais, nascimentos e mortes.

Com momentos tristes e de grande poesia intercalados com hilariantes banalidades, "Uma breve história dos tratores em ucraniano" é um daqueles romances que se lê economizando páginas, torcendo para não acabar. E, acredite ou não, a história dos tratores também é muito boa.

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Marina Lewycka, em entrevista a Ubirtan Brasil, de O Estado de São Paulo

- É difícil fazer graça de temas sérios?

- O humor ajudou as pessoas a sobreviver à prisão, pobreza, tempos de guerra, situações de terror. É um maravilhoso dom humano. Tragédia e comédia sempre andam juntas. Quando você conta suas férias para amigos, os momentos catastróficos são sempre a melhor história. Adoramos descobrir as dificuldades dos outros, as melhores histórias são as dos sobreviventes de qualquer desastre. Meu livro é sobre esses sobreviventes.

Entrevista completa em:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080816/not_imp224870,0.php

Para comprar o livro:

Procurei no site da editora Bertrand Brasil mas não achei. Achei no site da Livraria Travessa:

http://www.travessa.com.br/

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