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Soneto freudiano

Novembro de 2005. Eu tinha acabado de ler o magnífico sonetário do Glauco Mattoso, "Panacéia" (que hoje já não teria mais acento). E achei que eu também podia fazer. Um, pelo menos. Viciei: em menos de quatro anos, já fiz mais dois. Glauco já passou de três mil. Será que eu chego lá?

SONETO FREUDIANO

a bunda agrada porque lembra o seio
o seio é belo porque a bunda imita
e toda parte que o prazer excita
é sempre a sombra de um outro anseio

sexualidade tem que ser profunda
sempre entre adultos, nunca entre iguais
prazeres que não sejam genitais
são só reflexo de uma coisa imunda

freud, eu aposto que foi mal chupado
e mal comido e pior masturbado
ou não achava tudo assim tão feio

pois até hoje o que o freudiano aplica
a cada vez que um caso se complica
é a regra de botar a mãe no meio

Giba Assis Brasil, 21/11/2005

 
Tem avô que é cego: "Naked girl asleep" (1968), de Lucien Freud.

TEM MAIS

* Os primeiros 3036 sonetos de Glauco Mattoso.

* Freud nunca escreveu que o medo das armas era um sinal de imaturidade sexual. Mas escreveu que a América era um erro, um grande erro.

* O texto em inglês dos "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" de Freud, escritos em 1905, numa tradução de 1920.

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