Para todos os gostos há franceses,
se escolher um por mês, faltarão meses.
O problema é decidir qual ler primeiro.
Sugiro Molière para janeiro,
seus criados servirão o ano inteiro.
Para parar de rir em fevereiro,
apele pra Camus e o Estrangeiro.
Em março, depois do carnaval,
Comte-Sponville lhe espera, na moral.
Em abril, Romain Gary, aliás, Emile Ajar
(Toda vida pela frente é de assombrar!)
Faltarão maios pra Montaigne e seus Ensaios.
Em junho, a liberdade de Éluard.
Mais poesia em julho, Apollinaire.
(Que também escrevia sacanagem,
que é sexo sem língua, com linguagem,
com imaginação, mas sem imagem).
Há gosto pro que veio e o que vier,
com o ano pelo meio, é hora de Voltaire.
Setembro pra Balzac, outubro pra Flaubert.
Ou ao contrário?
É novembro e já se vai o calendário.
Tem aquele que eu não lembro,
faltam Perec, Ponge, Queneau...
É dezembro e o ano se acabou.
(Outro ano chega, não se assuste.
Agora, só lhe falta ler o Proust.)
Jorge Furtado
05.10.09
* Comemorativo ao Ano da França no Brasil.