Manchete da Folha de S. Paulo:
“Capa da "Mad" com Dilma como personagem de "Avatar" é censurada”
Depois de perder tempo lendo os 3 parágrafos da notícia, o pobre do leitor se pergunta: quem censurou?
O mais perto que a peça publicitária da campanha eleitoral de S. chega da notícia é mencionar “burburinhos cibernéticos” sobre uma “possível” censura do governo. Não, não é piada, é o que eles hoje chamam de jornalismo.
Aprendi na faculdade de jornalismo (1) que uma notícia deveria responder cinco perguntas, de preferência já no lead (parágrafo inicial do texto): quem, o quê, quando, como e por quê. (2) Em seu atual estado de degradação, a antiga imprensa brasileira produz manchetes com sujeito oculto. Ou s. oculto.
(1) Fabico, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, meados do século passado. Eu sou do tempo em que um entrevistado poderia, no meio de uma entrevista, dar informações “em off”, isto é, o repórter comprometia-se a não publicar, imagine só! Não, os professores não usavam polainas. Hoje jornalistas defendem como aceitável publicar conversas privadas ouvidas “acidentalmente” pela janela, na mesa ao lado do restaurante ou através de telefones celulares que os entrevistados esqueceram de desligar.
(2) Em inglês esta regra é descrita como 4WH: who, what, when, how and why. Em português seria 3QCP, muito pior, e talvez por isso, por questões estéticas, não faça sucesso entre os nativos.
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Folha de S. Paulo, 26/02/09
Capa da "Mad" com Dilma como personagem de "Avatar" é censurada
Com seu típico tom de deboche, a revista "Mad" gerou polêmica na edição 23 (de fevereiro) não pelo que publicou, mas pelo conteúdo censurado. No blog da revista (mad.blogtv.uol.com.br) foram divulgadas duas capas sobre o filme "Avatar". Uma delas, a que ninguém viu nas bancas, levava a cara da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) emendada ao corpo do "Thanator", o temido predador criado por James Cameron no reino 3D de Pandora.
"Exclusivo: revelamos sem medo de repressão a capa censurada da Mad 23", dizia o texto do blog, estampado entre as duas capas. No desenho, quem segurava as rédeas da criatura era "Lulavatar, o Mico do Brasil". Os burburinhos cibernéticos sobre uma possível censura do governo levaram a editora Panini, responsável pela publicação, a divulgar a seguinte nota: "Com relação à questão da capa da edição 23 da revista "Mad", as decisões sobre a publicação das capas fazem parte de processos internos da empresa, não se tratando de qualquer tipo de censura ou veto".
A polêmica foi retirada do blog. Permaneceu o traço humorado do cartunista Guabiras, com Dilma como avatar e Lula operando uma máquina: "E se o Avatar invadisse o Brasil... o presidente Lula estaria finalizando o processo de criação do seu clone pra candidatura das próximas eleições".