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Photoshop de S. Paulo

A tal ficha de Dilma, publicada pela Folha de S. Paulo na capa da sua edição de domingo, 5 de abril, é inquestionavelmente uma fraude. Nem é preciso especular se foi feita com máquina elétrica ou não, basta examinar com atenção as distâncias entre as margens da foto e as linhas "impressas" na suposta ficha.

Se fosse autêntica, a foto teria sido colada na ficha. As distâncias entre as margens da foto e as linhas impressas seriam obrigatoriamente irregulares. São perfeitamente paralelas, como só se consegue digitalmente, nunca com papel e cola. Ampliei a imagem e medi, com os instrumentos do Photoshop (provavelmente o programa usado para produzir a fraude). Com toda a ampliação possível, as distâncias entre os cantos superiores esquerdo e direito da foto e a linha impressa são de exatamente três pixels, ou 0,79 milímetros.

Na medida entre a distância da foto e da linha no sentido vertical, maior, a precisão digital se repete.

A distância entre os cantos superior e inferior da foto "colada" e a linha vertical ("impressa") é, adivinhem, de 3 pixels, ou 0,79 milímetros. Repare agora nas diferenças entre as distâncias entre as margens das fotos e as linhas impressas em verdadeiras fichas policiais.

As distâncias entre as margens das fotos (de Monteiro Lobato e de um desconhecido) e das linhas impressas na ficha (ou datilografadas, no caso de Lobato) variam muito.

O mais curioso: na capa da edição de 5 de abril da FSP, o diagramador teve o cuidado de inclinar a ficha, dando-lhe um aspecto de fac-símile, de fotografia tirada de um original de papel, como se o "fotógrafo" (que nunca existiu) não tivesse conseguido, como é normal acontecer, deixar as linhas no nível horizontal correto.

 

A manipulação era tão evidente que o jornal não teve como não publicar um "erramos". Só que a Folha errou no "erramos":

"O primeiro erro foi afirmar na primeira página que a origem da ficha era o 'arquivo [do] Dops'. Na verdade, o jornal recebeu a imagem por e-mail. O segundo erro foi tratar como autêntica uma ficha cuja autenticidade, pelas informações hoje disponíveis, não pode ser assegurada – bem como não pode ser descartada."

Não é verdade. A autenticidade da ficha pode ser descartada sem sombra de dúvida. Já o fato do jornal admitir ter publicado em sua capa da edição de domingo um suposto documento de fonte desconhecida é tão vergonhoso que chega a dar pena.

Tudo leva a crer que a Folha de S. Paulo fez de tudo para dar ares de veracidade ao que sabia ser uma fraude. Não seria a primeira vez. (A Folha publicou como verdadeiras as declarações do delegado Edmilson Pereira Bruno - aquele que prendeu os "aloprados" -  que sabia serem falsas.) Quando publica como verdade aquilo que sabe que é mentira, um jornal deixa de ter qualquer utilidade.

Jorge Furtado
29.04.09

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Para mais detalhes sobre a fraude da ficha ver:

Do Blog de Luis Nassif: Dilma e o mistério da máquina elétrica

Do Observatório da Imprensa: Quando o "erramos" pretende encobrir a fraude

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