Boas notícias: o império, parece, tomou juízo. O primeiro discurso de Obama eleito, em Chicago, comparado às parvoíces de George W. Bush, dá a dimensão da mudança. Obama é um orador brilhante, seguro, não abusa de facilidades, não insufla aplausos com o óbvio, tem dicção clara que revela idéias idem. E idéias que parecem muito boas. Consegue comover falando em política, falando sério, o que não é pouca coisa. Além do mais, é negro. E bonito. Bush era (já era) horrível, tosco, superficial, arrogante e, o que é pior, cercado de malucos fundamentalistas, espertalhões inescrupulosos e psicopatas armados.
Republico aqui trecho do que o escrevi no blog (12/03/2008, Deus salve a América)
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Sempre gostei dos Estados Unidos, o que me levou a ouvir muitos desaforos que levei para casa e guardei, na prateleira da letra D, entre o desacato e o desprezo. Go yankes!, me diziam as bocas sob os narizes torcidos. E eu argumentava, tá bom, mas e o Vonnegut? Tentei evitar a invasão do Iraque mas o Bush não me leu na Zero Hora e deu no que deu. Vi à venda [nos EUA] relógios digitais com contagens regressivas da era Bush, eles estão literalmente contanto os segundos que faltam para que o próprio desocupe a moita.
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Mas os USA estão muito além de Bush e de seu grupinho pior-de-dois-mundos (direita evangélica e capitalismo selvagem). A nova esperança chama-se Obama. Jovem, brilhante, carismático, Obama parece capaz de devolver a política americana, seqüestrada pelos caipiras e pelos piratas, ao convívio dos homens de boa fé. Que bons ventos o levem, a “terra dos homens livres” bem que merece.
A mais antiga democracia do mundo acaba de renascer. Sorte nossa.
Obama, 04.11.2008, "Hello, Chicago":
Ouvinte de Obama, Chicago, 04.11.2008
Enquanto isso, em Patópolis...
Faz sentido a argumentação do ministro GM de que os nomes de batismo das investigações da Polícia Federal são uma espécie de pré-julgamento. (Umberto Eco ensina que o título já é uma interpretação do texto.) Alguém investigado pela "Operação Sanguessuga" pode até provar sua inocência, mas vai ficar mal falado na praça. Sugiro então que os nomes das operações da PF sejam absolutamente neutros, a "Operação Satiagraha" passaria a se chamar, por exemplo, "Operação Gilberto Augusto". Ou "Magda Regina".
Por falar nisso, a CPI Fernando Carlos (ex-CPI dos Grampos) já descobriu quem grampeou Gilmar? Foi a revista? Ou foi o senador? Ou ambos? Ou não foi ninguém? E o ministro Jobim, que encontrou na internet e entregou pro chefe provas irrefutáveis de que seu colega mentia - o colega perdeu o emprego e os bandidos festejaram - já provou que as tais máquinas grampeiam? Acho que perdi o fim daquela história. E cadê o áudio do grampo?
E quem escreveu "uiscão" na lista de gastos dos cartões corporativos, provocando a "cpi do uiscão"? Quem escreveu e quem leu?
E onde anda o Picasso do INSS?
E de onde veio o dinheiro do dossiê?
E para onde foi o dinheiro do dossiê? Cadê?