Leo Henkin (Diretor Musical): O processo de concepção e realização da trilha sonora de Antes que o mundo acabe começou na leitura do roteiro. Depois, fui trocando ideias com a Ana e construindo a “atmosfera” da música. É nessa fase também que trocamos referências sobre possíveis músicas e canções já existentes, gravadas ou não por outros artistas. Depois, durantes as filmagens, gravo em estúdio algumas que estavam indicadas no roteiro e que seriam “interpretadas” pelos atores em cena.
Em seguida, comecei a trabalhar no primeiro corte, desenvolvendo alguns temas incidentais e algumas trilhas, experimentando timbres e instrumentos para definir a “atmosfera musical”. Uma grande contribuição da Ana para a música do filme foi a sugestão de que os sons do filme interagissem com a música. Assim, tivemos sons de pedaladas de bicicleta que se transformaram em música, e vários outros, como sons de batidas, de chave, de pratos, que se misturaram aos instrumentos, fazendo parte da trilha.
Ana: O filme fala de diversidade e mostra, através das cartas do pai, imagens de diversas culturas. Eu queria que esta diversidade estivesse no som também. Fizemos uma pesquisa de sons de culturas africanas, asiáticas, nórdicas e o Leo compôs a partir disto.
Leo: Ao longo do tempo, e na medida em que cabiam cortes mais evoluídos, pude fazer os ajustes da música nas cenas. É claro que durante esse processo sugeri novas canções, como foi o caso de Long Play, da banda Pública, e das canções Senhor da Dança e Três Coroas, ambas da banda Os The Darma Lovers. Foi muito tranquilo trabalhar com a Ana e com toda a equipe de produção. Fizemos juntos um trabalho muito maduro e consistente.