Fiapo Barth (Diretor de Arte): Eu não sei o que faz um diretor de arte nos filmes. Sei o que eu faço, que é me comprometer o máximo que o diretor permitir com a estética visual do trabalho. A minha tarefa é ter a pré-visão, é ver os quadros antes, sugerir movimentos de câmera. As pessoas que trabalham num filme têm a tarefa de contar juntas uma história.
Sobre filmar a Tailândia sem ir para a Tailândia, era algo previsto desde o início. Sempre foi bem claro que seria quase impossível ir até lá fazer aquelas cenas. Mas, como a gente já trabalhou muitas vezes com falsos cenários, foi tranquilo. É um trabalho de enquadramento, de escolher o que mostrar e o que esconder. No cinema, a gente tem a possibilidade de mentir. É praticamente impossível encontrar tudo o que tu precisas numa só locação. Então a gente inventa locações, faz uns truques, mente um pouco. E para ligar tudo, fazemos um miolo no estúdio com essas janelas de cenário real.
No Antes que o mundo acabe tínhamos que achar uma maneira de mostrar as fotos. Era um trabalho muito focado na passagem por meio do olhar. O meu trabalho foi dedicado ao olhar a partir das fotos. O resto era mais realista, mais fácil.
Ana: Convidei o Fiapo e a Ro [Rosângela Cortinhas] para a direção de arte e figurino porque eles nunca trabalham com o óbvio. O figurino da Ro é sempre surpreendente e sempre adequado, tem personalidade e ajuda muito o ator a construir o personagem.