Giba: Primeiro o Paulo Halm trabalhou sozinho na adaptação. Num segundo momento, a Ana trabalhou com o Paulo. Depois, a Ana trabalhou sozinha. E, por fim, eu e o Jorge [Furtado] trabalhamos no roteiro com a Ana.
Ana: A adaptação do Paulo Halm foi o pontapé inicial. Um livro tem muitos personagens e muitas histórias que não cabem em uma hora e meia. Tu tens que eleger qual é a linha narrativa e o que realmente te interessa naquela história para, então, decidir que filme tu queres fazer. Acho que esse é o trabalho mais difícil: eleger o que tu queres contar. Quando chegamos na história a ser contada, surgiu mais um desafio, que era transformá-la no filme que eu queria fazer. Eu não pretendia ser uma das roteiristas, mas eu sou a diretora e o filme teria que ser aquele que eu queria fazer (risos).
Então, trabalhamos um bom tempo juntos. Depois eu trabalhei sozinha, mas ainda não estava satisfeita com o trabalho. A partir de várias leituras críticas com meus companheiros da Casa de Cinema, eu, o Giba e o Jorge pegamos o roteiro e retrabalhamos muito. Foi um longo trabalho, mas acho que não tem outra forma de ser.
Giba: Foram muitas versões. Mas hoje em dia com os processadores de texto a gente perde o controle de quantas versões fez. E a Ana tem um jeito meio nervoso (risos) de enumerar isso. Se ela muda uma cena, já é uma nova versão do roteiro. Eu faço diferente. Eu considero uma nova versão quando tem uma revisão inteira do início ao fim. Acho que no computador, temos mais de 30 versões. Mas com mudanças completas e mais radicais, deve ter umas 10.
Ana: Outra coisa bastante definidora foi a oficina de roteiro do SESC, no Rio. Cada roteiro é analisado por 5 consultores. E é muito legal. É a chance de ter um olhar de pessoas especializadas, que não sabem nada do livro e nem do roteiro. Elas apontaram várias coisas e a partir daí eu retrabalhei no roteiro mais uma vez.