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Teste para jornalista político, 2

Li o texto, achei besta, parece que eu estou discutindo gramática ou ortografia, não faria isso, não há argumento mais baixo num debate. Cometo erros terríveis ao escrever e o negócio piorou depois da última reforma. Quando vejo professores debatendo o assunto não sei qual deles têm razão e, pior, não sei mais se "eles têm" tem acento.

O problema não está nos possíveis erros nos jornais - embora o excesso sugira que está faltado revisão nas redações - mas na intenção que estes erros denunciam, sempre a mesma, como aquele garçom que erra na conta e erra sempre para mais, daquele bar que a gente parou de ir, lembra?

Quando o repórter escreve e o editor edita e o jornal publica "Lula autoelogiou sua própria gestão" a frase, que lembra um embrulho de velocípede, mal encobre o desejo de "falar mal" do Lula, todo mundo já entendeu que "a mídia" adora "falar mal do Lula". São exageros que beiram o pleonasmo, como a "gigantesca tsunami", expressão com a qual Carlos Monforte, apresentador do Jornal das 10 da Globonews, referiu-se aos efeitos da crise econômica mundial no Brasil. Lula declarou, como sabem até os pombos da praça, que o efeito seria o de uma "marolinha". A expressão foi explorada ao máximo por tevês e jornais como exemplo da incúria do governo no enfrentamento da crise. (Lula + marolinha no Google: 331.000 entradas) Talvez seja cedo para avaliar mas, passado quase um ano, parece que a imagem da "marolinha" era mais exata que a da "gigantesca tsunami".

Os jornais podem ser, como já foram, defensores ferozes de um partido ou linha política, basta que isso seja dito claramente ao leitor. O que não podem é exercer jornalismo seletivo, dando vinte manchetes por dia para o namorado da neta de um, que pediu e levou um emprego (onde, ao que parece, realmente trabalhava) e duas linhas por mês para o filho do amigo do outro, que pediu e levou um emprego (onde não trabalhava, ganhando 10 mil por mês do Senado, por 18 meses, para estudar cinema na Espanha).

Ao exagero para vender jornal – chegando ao cúmulo de desinformar a população em assuntos cruciais de saúde pública, como fez na "epidemia de febre amarela -  soma-se o reiterado desapego aos fatos. Quando a antiga imprensa nega-se a reconhecer o óbvio, por exemplo, que a ficha de Dilma e o grampo Demóstenes-Veja-Gilmar são fraudes, e quando apóia-se nestas fraudes para atacar um grupo político em benefício de outro, perde credibilidade, relevância e direito aos pilas que pagamos, ou pagaríamos, por ela. Podendo ser bem informado de graça pela internet  - bastando ter paciência para identificar as fontes sérias – por que o leitor pagaria para ser mal informado?

Jorge Furtado
 

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