Jorge Furtado
Li o texto, achei besta, parece que eu estou discutindo gramática ou ortografia, não faria isso, não há argumento mais baixo num debate. Cometo erros terríveis ao escrever e o negócio piorou depois da última reforma. Quando vejo professores debatendo o assunto não sei qual deles têm razão e, pior, não sei mais se "eles têm" tem acento.
O problema não está nos possíveis erros nos jornais - embora o excesso sugira que está faltado revisão nas redações - mas na intenção que estes erros denunciam, sempre a mesma, como aquele garçom que erra na conta e erra sempre para mais, daquele bar que a gente parou de ir, lembra?
Quando o repórter escreve e o editor edita e o jornal publica "Lula autoelogiou sua própria gestão" a frase, que lembra um embrulho de velocípede, mal encobre o desejo de "falar mal" do Lula, todo mundo já entendeu que "a mídia" adora "falar mal do Lula". São exageros que beiram o pleonasmo, como a "gigantesca tsunami", expressão com a qual Carlos Monforte, apresentador do Jornal das 10 da Globonews, referiu-se aos efeitos da crise econômica mundial no Brasil. Lula declarou, como sabem até os pombos da praça, que o efeito seria o de uma "marolinha". A expressão foi explorada ao máximo por tevês e jornais como exemplo da incúria do governo no enfrentamento da crise. (Lula + marolinha no Google: 331.000 entradas) Talvez seja cedo para avaliar mas, passado quase um ano, parece que a imagem da "marolinha" era mais exata que a da "gigantesca tsunami".
Os jornais podem ser, como já foram, defensores ferozes de um partido ou linha política, basta que isso seja dito claramente ao leitor. O que não podem é exercer jornalismo seletivo, dando vinte manchetes por dia para o namorado da neta de um, que pediu e levou um emprego (onde, ao que parece, realmente trabalhava) e duas linhas por mês para o filho do amigo do outro, que pediu e levou um emprego (onde não trabalhava, ganhando 10 mil por mês do Senado, por 18 meses, para estudar cinema na Espanha).
Ao exagero para vender jornal – chegando ao cúmulo de desinformar a população em assuntos cruciais de saúde pública, como fez na "epidemia de febre amarela - soma-se o reiterado desapego aos fatos. Quando a antiga imprensa nega-se a reconhecer o óbvio, por exemplo, que a ficha de Dilma e o grampo Demóstenes-Veja-Gilmar são fraudes, e quando apóia-se nestas fraudes para atacar um grupo político em benefício de outro, perde credibilidade, relevância e direito aos pilas que pagamos, ou pagaríamos, por ela. Podendo ser bem informado de graça pela internet - bastando ter paciência para identificar as fontes sérias – por que o leitor pagaria para ser mal informado?
Jorge Furtado
embora, talvez, este comentário esteja fora do contexto, espero, com, ele atingir o leitor que a que me refiro ao escrever, juntar estas letras. jorge, valendo-me das comemorações por mais um aniversário do imortal, não aquele que supostamente joga bola, curta-metragem, “ilha das flores”, tive uma nova oportunidade de, via internet, re(ver) esse filme. a primeira vez que o assisti tinha cerca de nove ou dez anos de idade, é dizer, faz tempo. na ocasião, a película foi projetada em uma sala de aula em um colégio burguês na rua do local de “trabalho” (ou delito?) da (des)governadora do estado – espero que a brigada, ou seria a gestapo?, não venha me buscar, no meio da noite, na tranquilidade do lar, por estas palavras... hoje, anos depois, auto-exilado em brasília – por favor, não me levem a mal por isso, não trabalho no congresso nacional nem no judiciário – ficou a dúvida: aquele colégio projetou o filme em questão para criar consciência naqueles meninos e meninas? ou apenas para que eles tivessem medo de um dia tornarem-se pobres? ou seria para que sempre tivessem medo dos pobres? quem sabe. quem vai saber. muitas coisas passaram, poucas mudaram, mas o impacto, a veracidade e a qualidade daquele breve filme, não. isso tudo ficou e continua atualíssimo ou poder-se-ia dizer: verdade, verdadeiro. parabéns, jorge, pela tua arte!