ENTREVISTAS
(realizadas pela jornalista Adriana Amaral durante as filmagens)

Maitê Proença
Roberto Bomtempo
Maria Ribeiro
Ana Maria Mainieri
Nelson Diniz
Diretor musical
Técnicos em efeitos epeciais
Diretor de arte
Figurinista
Diretora assistente


Maitê Proença, "Márcia"

Uma estória bem contada e um roteiro surpreendente. Segundo Maitê Proença, esses são os principais ingredientes que podem fazer de "Tolerância" um sucesso. Por causa deles e da multifacetada personagem Márcia, a atriz decidiu participar do filme. "Todos gostam de uma boa estória", avalia.

Protagonista do filme, ela conta que sua personagem vai tendo a personalidade revelada aos poucos. "A Márcia possui  uma ligação forte com a família, embora não pareça", explica. Pragmatismo, frieza, amor e os problemas decorrentes dele caracterizam a advogada e esposa de Júlio, na opinião de Maitê. Ao contrário de Márcia, a atriz revela que estoura com uma certa freqüência, "não acumulando as pequenas intolerâncias da vida".  Lembrada sobre a questão do casamento aberto, ela afirma que esse "é um mero detalhe na vida do casal, pois o filme tem várias surpresas".

Além do roteiro e da personagem, ela também acredita que a produção está sendo levada de forma séria, não excluindo a amizade e a afetividade. "A Casa de Cinema é uma equipe de amigos que se gostam e não apenas se toleram", comenta, brincando com o título do  filme. A atriz aponta que, no eixo Rio-São Paulo, muitas vezes há um nervosismo rondando o set e que nesse filme "o estresse é só circunstancial, não tem uma tensão escondida comendo os humores", conclui.

Para Maitê, o personagem é o mais importante, independente se for interpretado na televisão, no cinema ou no teatro. Mesmo assim, ela acredita que o cinema nacional ainda não se estabeleceu como indústria devido aos problemas econômicos. "A preocupação nesse momento deveria ser a de formar platéias para o cinema brasileiro", analisa.


Roberto Bomtempo, "Júlio"

Em meio a uma distribuição de autógrafos e sorrisos na saída do set de filmagens, Roberto Bomtempo encontrou uma hora para conversar com a família ao celular e conceder uma entrevista. O bom humor de Roberto, com certeza, se deve ao fato de estar fazendo cinema. "O cinema é minha grande paixão", revela.

O ator carioca de 36 anos explica que seu entusiasmo com o longa-metragem "Tolerância" deve-se a um conjunto de fatores. Entre os mais importantes estão a admiração - e a conseqüente vontade de trabalhar com a equipe da Casa de Cinema de Porto Alegre - bem como a empatia imediata pelo personagem Júlio.

Bomtempo comenta que, em geral, tem participado de filmes cujos personagens são fortemente caracterizados, o que não é o caso do fotógrafo Júlio. "O grande barato desse personagem é que ele é um cara normal", analisa. Para o ator, é dessa suposta simplicidade que decorrem as dificuldades de interpretá-lo: "Eu tento não interpretar, e sim, pensar nos sentimentos dele", pondera.

Falando justamente nos sentimentos da personagem, ele conta que nunca havia feito tantas cenas de sexo em um filme, embora não tenha ficado nervoso. "O frio e a maneira como o Gerbase encaminha as cenas me deixou muito à vontade e tranqüilo", assegura.

Além de ator, Bomtempo também é diretor e professor de teatro. Ele reconhece que o teatro é a grande escola do ator, pois "são dois meses de ensaio e quando o pano se abre está pronto". Já o cinema é um processo diferente, que "exige uma concentração ao longo de um período, tornando cada pedacinho de cena muito importante", conclui.

Depois das filmagens de "Tolerância", que é seu 22o filme, seu próximo projeto é uma adaptação para o cinema da peça Dois perdidos em uma noite suja, de Plínio Marcos, na qual estreará na direção. "Estou muito excitado com as possibilidades de dirigir um filme", antecipa. Enquanto isso não acontece, o ator opina sobre o filme da Casa de Cinema, "acredito que ele vá atingir a um público bastante amplo, pois é um thriller de suspense sensual".


Maria Ribeiro – "Anamaria"

"A Casa de Cinema tem os melhores roteiristas do Brasil. Eles são fodões". Com este comentário, a atriz carioca Maria Ribeiro demonstra o seu entusiasmo por participar do elenco de "Tolerância". A simplicidade e o profissionalismo dos produtores gaúchos encantou Maria. Ela os conheceu no ano passado, quando veio ao sul acompanhar o namorado Paulo Betti e assistiu a algumas filmagens da minissérie Luna Caliente.

Escalada para viver a sensual e intrometida Anamaria, ela afirma que esta é uma personagem bem diferente das "boas moças" que viveu na televisão. Ela vê na personagem uma oportunidade para mudar essa imagem. Segundo ela, "é mais divertido fazer papéis que não tenham nada a ver com você".

Séria, essa escorpiana de 24 anos revela que teve uma educação bem tradicional, mas para construir a Anamaria inspirou-se em algumas amigas e em mulheres que gostam de seduzir por seduzir. "Se me acharem sex-symbol e isto trouxer público para o filme vai ser divertidíssimo", responde sorrindo.

Mesmo assim, ela acha difícil fazer cenas de sexo e confessa que no início ficou um pouco tensa, mas que o entrosamento e a descontração da direção e da produção a deixaram bastante relaxada. Outro fator que a ajudou para a preparação de tais cenas é o próprio elenco. "Conheço o Bomtempo há alguns anos e ele tem me ajudado muito".

Os elogios feitos por Maria não se restringem à equipe da Casa de Cinema, "onde a hierarquia é sutil e todos são tratados da mesma forma", mas estendem-se aos porto-alegrenses de modo geral: "aqui até os motoristas de táxi são mais cultos", diz ela. Além da saudade de casa, a única reclamação que Maria parece ter é o frio. Para a cena em que toma banho de cachoeira, promete concentrar-se e esquecer o vento gelado que deve soprar nos próximos dias.

A adaptação ao sotaque da capital gaúcha também está correndo de forma tranqüila. Para a atriz, esse é um desafio que está sendo apreciado, por demonstrar uma auto-afirmação do pessoal da Casa de Cinema, "que não se rende, e sim valoriza a terra em que nasceram e vivem", explica.

(colaborou Peter Krause)


Ana Maria Mainieri, "Guida"

A expressiva jovem de 20 anos e cabelos avermelhados aguarda seu suco de laranja no Café dos Cataventos da Casa de Cultura Mario Quintana. Recém saída de uma aula de preparação para o filme "Tolerância", Ana Maria Mainieri abre um sorriso enquanto fala ao Últimas Notícias sobre as expectativas com sua estréia no cinema. "Acredito muito nesse filme. Espero que seja bom e que eu possa fazer o meu papel da melhor maneira possível". Ana conta que o roteiro a atraiu tanto pela trama, quanto pelo fato de levantar questões políticas, assunto que interessa bastante a essa porto-alegrense.

Para a atriz, Guida, seu personagem, é uma "adolescente diferente, mas querida, talvez até um pouco infantil", explica referindo-se ao fato da personagem tentar chamar a atenção do pai em algumas cenas. Para a composição da filha de Júlio e Márcia, Ana revisitou o próprio passado, buscando o lado adolescente que está adormecido em cada um de nós.

De acordo com Ana, "a sintonia entre a direção e a produção" está sendo um ponto positivo para a elaboração do filme.  Ela destaca que é um privilégio trabalhar com a equipe da Casa de Cinema e com atores como Roberto Bomtempo e Maitê Proença.

"Tolerância" é o primeiro longa-metragem da carreira da atriz, que trabalha com interpretação desde os 15 anos. Decidida a atuar profissionalmente, admite que o gosto pela profissão a faz torcer pelo êxito do filme. "Pode ser um passaporte para o sucesso", aposta. Atualmente, ela dedica-se quase que exclusivamente ao projeto. embora tenha vários planos para mais adiante. Entre eles, "fazer algum curso e quem sabe atuar no exterior".

Questionada quanto aos limites de sua "Tolerância", temática central do filme, Ana afirma que eles são bem amplos. Contudo, ela pondera que dependendo da situação o velho ditado popular - "a liberdade de um termina aonde começa a do outro" - continua válido.


Nelson Diniz, "Teodoro"

Ator oriundo do teatro, Nelson Diniz, 35 anos, interpreta Teodoro em "Tolerância". Ele considera o personagem como seu primeiro trabalho num longa metragem, embora tenha feito uma ponta em Anahy de las Missiones. Empolgado quanto às possibilidades de experimentação com o cinema, Diniz afirma não abrir mão de experiências nessa linguagem, certo de que a Casa de Cinema é uma garantia de aprendizado: "A Casa tem o trabalho de produção mais profissional de Porto Alegre".

Para o ator gaúcho, que participou de vários curtas como Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre e Dois Filmes em Uma Noite, entre outros, "Tolerância" exige um processo maior de preparo de personagem, com mais tempo e situações para desenvolver e explorar. Segundo ele, quando se atua em filmes de pequena duração "não dá para aprofundar o personagem e nem acompanhar a evolução do roteiro". Somado a esta "oportunidade de evoluir profissionalmente", como ele faz questão de salientar, existe a satisfação de estar com uma produtora que trata a todos de maneira igual, sem diferenças entre estrelas e coadjuvantes.

Diniz conta que o roteiro o interessou pela idéia de falar sobre os limites de uma relação, seja ela amorosa ou social. Ele explica que falar sobre "até que ponto se cumpre o que se determina cumprir" o atraiu, bem como as questões de "Tolerância" com o próximo. Além disso, argumenta que o Teodoro tem a função de apresentar o problema da terra, do abuso de direitos e da questão dos limites nas propriedades agrárias.

Quanto às suas preferências de trabalho - cinema, teatro ou televisão - Diniz confessa que ultimamente tem preferido o cinema. Por ser uma outra forma de aplicar a interpretação, ele acredita que os ensaios tornam-se ainda mais importantes, pois as filmagens ocorrem seguindo uma linha de tempo diferente da história, deixando o ator sem a cena anterior como base. "Qualquer movimento fica maior no cinema", ressalta. Mesmo assim, em sua opinião, o cinema é a única produção artística de um ator que fica no tempo, seja para o bem ou para o mal.

No entanto, para além do bem e do mal, Diniz entusiasma-se com a produção local e defende que o cinema não pode renascer porque nunca morreu. "O que renasceu foi o interesse em investir em cinema, agilizando a produção de filmes com maior periodicidade", aponta. O ator destaca que não só o cinema lucrou com os investimentos públicos e privados, mas todas as artes. "O FUMPROARTE da prefeitura de Porto Alegre viabilizou muitas peças de teatro", lembra.

Em matéria de "Tolerância", admite ter infinita com sua mulher, embora, "com o Brasil ela já acabou faz pelo menos uns cinco anos", prossegue, "ou, melhor, desde a época daquele presidente, aquele que eu não vou dizer o nome mas que vocês sabem quem é", corrige com um sorriso algo supersticioso enquanto desenha dois éles no ar. Logo muda de tom, como que para espantar assombrações, voltando a falar do projeto atual. "É a primeira vez que me envolvo em um longa do início até o fim", conclui satisfeito com suas expectativas com o filme. Passadas as filmagens de "Tolerância", Nelson Diniz parte para fazer outro longa, Neto perde sua alma e, se tudo correr bem, uma versão da peça O pagador de promessas nas escadarias da Igreja das Dores.

(colaborou Peter Krause)


Flu – Diretor musical

Direto do mundo das imagens para o mundo do som. Flávio Santos, ex-baixista da banda De Falla, agora Flu, juntamente com o guitarrista Marcelo Fornazzier (sob o nome de 4nazzo) compõem a trilha sonora do mais recente longa da Casa de Cinema. Além da trilha instrumental, selecionam em conjunto com o diretor Carlos Gerbase canções de diversas bandas que pontuam as cenas do filme. Sócio da produtora de áudio Deff, Flu lançou recentemente seu álbum solo pela gravador Trama, intitulado "... e a alegria continua". Confira agora a entrevista.

Como está sendo o trabalho de produção da trilha de "Tolerância"? Vocês assistem às cenas e depois compõem? Como é o processo para o músico?

Nós (eu e o 4nazzo) sempre trabalhamos com a imagem. É fundamental seguir as idéias do diretor, que sabe o ritmo e a intenção das cenas. Geralmente nós mostramos algumas idéias para o diretor e a partir disto começa a composição final.

Na tua opinião qual a diferença entre o trabalho de criação de uma trilha e o de composição em geral?

Nas trilhas, tu já trabalhas com imagens prontas, e, quando se compõe, as imagens vão se formando dentro da cabeça.

Além da trilha original, que está sendo feita por ti e pelo 4nazzo, foram escolhidas músicas de bandas e artistas gaúchas como Dharma Lovers, Tom Bloch, Wander Wildner, Júpiter Apple entre outros. Como foi esse processo de seleção?

Tínhamos muita coisa boa para escutar e escolher, pois arrecadamos muito material com as bandas. O Gerbase fez a seleção final.

Tu chegaste a acompanhar a filmagem de algumas cenas? Das cenas que tu assististe, qual(is) as que mais te inspiraram?

Eu assisti a cena do mini-zôo na Redenção e algumas outras no depósito do Porto. Eu acho que o final com as revelações do crime vão ser as mais instigantes.

Como tu estás vendo o momento atual do pop/rock nacional? E quanto ao mercado gaúcho?

Aqui no Rio Grande do Sul, nunca esteve tão bom. O melhor é que tem uma variedade grande de estilos e sempre com bastante personalidade. Com a facilidade de se gravar e lançar CDs independentes, as bandas estão acreditando mais no seu trabalho e não ficam na dependência de uma grande gravadora se interessar.

O teu trabalho solo tem tido uma ótima aceitação local tanto de crítica como de público. E em termos nacionais, como tem sido?

Eles ainda estão tentando definir que tipo de música que eu faço. Na verdade minha música é para quem tem espírito infantil. As crianças e as mulheres adoram e se divertem escutando minha música.

Assim como o Flávio Basso que se auto denominou Júpiter Maçã, agora Júpiter Apple, tu mudaste o teu nome artístico pra Flu. Qual o motivo dessa mudança? Numerológica ou mercadológica?

Minha irmã menor começou a me chamar de Flu em meados dos oitenta. Daí minhas namoradas me chamavam de Flu. Minha mãe começou a me chamar de Flu. Hoje todo mundo me chama de Flu.

Quais são os teus projetos para o próximo milênio?

Aqui na Deff/Reclame além da trilha do "Tolerância" vai ser produzido pelo 4nazzo o disco da grande sensação do ano que vem: Fu Wang Foo.

Até onde vai a tua "Tolerância"?

Vai até que uma pessoa diga "sou assim e não vou mudar".


Flávio Braga e Luís Carlos Quintarelli – técnicos em efeitos especiais

Dois técnicos em efeitos especiais vieram do Rio de Janeiro com a parafernália necessária às cenas de assassinato de um dos personagens. Flávio Braga e Luis Carlos Quintarelli, conversaram sobre o funcionamento desse tipo de trabalho no país.

Em princípio, Quintarelli, 26 anos, citou os efeitos que estão sendo utilizados nessas cenas: tiro no corpo, tiro na testa e tiro na perna. Ele explicou que para os tiros é utilizada uma placa de proteção ao ator, feita de metal. Dentro dessa placa, há um preservativo, "uma camisinha mesmo, cheia de sangue cenográfico importado", afirma.

Além do sangue, também é inserida na placa uma espoleta elétrica, que é acionada por um interruptor ligado a uma bateria de 9 volts. O técnico carioca também acrescenta que a explosão pode "ser acionada por controle remoto dependendo do caso". O que vemos e ouvimos na tela é a explosão e o barulho, seguida de fumaça e de sangue jorrando pelo corpo do ator ou atriz.

Nem só de tiros e mortes vive essa dupla, eles também fazem explosões, chuvas e trovoadas, como as do comercial do carro Mercedes Classe A, que está sendo veiculada na televisão. Com 8 anos de trabalho no mercado, a dupla tem trabalhado em todas as novelas da Rede Globo desde Fera Ferida, além de especiais como o da Xuxa e programas humorísticos como Renato Aragão e Casseta & Planeta. No cinema, fizeram Bela Dona e O Cangaceiro, entre outros. Com a Casa de Cinema, este é o primeiro trabalho.

Mesmo assim, Braga, 28 anos, acredita que é muito complicado trabalhar com efeitos especiais no Brasil, pois na maioria das vezes, os diretores tem pressa e querem o mais simples. Contudo, ele adianta que em "Tolerância" está havendo "apoio do diretor, por isso podemos fazer um estudo mais aprofundado até chegar ao ponto que ele quer".


Fiapo Barth – Diretor de arte

"A cenografia de "Tolerância" é urbana e contemporânea". Para Fiapo Barth essa foi uma das grandes facilidades para definir as diretrizes da direção de arte do filme. Participando das produções da Casa de Cinema há 13 anos, Barth - cujo nome verdadeiro é Antonio - tem trabalhado com Gerbase desde o média Deus Ex Machina e diz que "a equipe está se entendendo muito bem".

Segundo Barth, o estúdio permite uma flexibilidade maior ao trabalho de composição e criação de ambientes. Ele justifica sua preferência maior pela cenografia em estúdio, diferenciando-a das locações. "É preciso conhecê-las antes e tentar adaptar-se ao que já existe, enquanto que no estúdio a imaginação é bem mais livre", conclui.

Formado em arquitetura, o interesse de Barth pela cenografia teve início com a criação de cenários para peças de teatro. Depois disso, ele projetou alguns cenários para comerciais e para um programa da TVE do Rio Grande do Sul. Daí para o cinema, bastou apenas um convite dos diretores Jorge Furtado e Zé Pedro Goulart. Sua primeira direção de arte foi a do curta O dia em que Dorival encarou a guarda, dirigido pelos dois.

Dos diversos trabalhos já feitos ele destaca dois curtas como suas melhores cenografias: A matadeira, de Jorge Furtado, "por ser quase teatral, é o que mais aparece aos olhos do público", explica; e O Pulso, de Zé Pedro Goulart, "é o mais perfeito, mais rico em detalhes. Criei um necrotério ao estilo de Arquivo X", completa. Barth também já dirigiu um curta, chamado O Trampolim.

Além de diretor de arte, Fiapo é dono do bar Ocidente, reduto tradicional da noite porto-alegrense há mais de uma década, localizado na João Telles esquina com a Oswaldo Aranha no bairro Bom Fim.


Rosângela Cortinhas – Figurinista

"O figurino de "Tolerância" é bem 1999". É com este comentário que a figurinista Rosângela Cortinhas - a Rô - fala sobre o visual composto para as personagens do filme. Ela explica que a maioria das roupas foi comprada, muitas a preço de custo. A respeito desse tipo de apoio, recebido de alguns lojistas, avisa que "terão o nosso eterno agradecimento".

Tendo composto o figurino de diversos filmes como Sexo & Bethoven, Um homem sério, Velho do saco, entre outros, Rô diz não ter encontrado grandes dificuldades em "Tolerância", por ser um visual e moderno. Para ela, seu trabalho mais difícil foi A Matadeira, de Jorge Furtado, pois necessitava de roupas de época. Além de figurinista Rosângela também escreve roteiros, como o dos curtas Ventre Livre da diretora Ana Azevedo e Ângelo anda sumido, de Jorge Furtado.

No entanto, Rô considera a composição do figurino da personagem Márcia o mais complicado do filme, "porque a Márcia não é uma advogada padrão", avalia. Segundo a figurinista, através das roupas da dupla de amigas Guida e Anamaria podemos perceber que "elas são meninas felizes". Ela conta que quando chegou nas lojas para comprar, encontrou uma estação em que o cinza e o preto eram predominantes.

"Procurei colocar muita cor para as duas garotas", esclarece. "A Anamaria, por exemplo, usa muitos tons de verde". Juntamente com Rosângela também trabalham em "Tolerância" a produtora de figurinos Lica Stein e Cacá.


Ana Luiza Azevedo - Diretora assistente

Em meio à correria das filmagens, foi um pouco complicado falar com Ana Luiza Azevedo, uma vez que a coordenação do set estava em suas mãos, deixando os atores por conta de Gerbase. Contudo, uma semana após o término das filmagens, Ana concedeu essa entrevista.

Ana fez questão de destacar que o trabalho foi super bom. "Conseguimos uma equipe homogênea, que estava afinada, e todos estavam dando o melhor de si", comenta. Em termos de produção, "conseguimos cumprir o cronograma e seguir o roteiro, o que é fundamental", avalia, contente com os resultados.

Os atores também não causaram dor de cabeça a ela, que considera que o trabalho feito previamente por Gerbase facilitou as filmagens. "Foram feitos vários ensaios e os personagens já estavam construídos", observa, "na hora de filmar era mais para conferir a decupagem", explica.

A assistente de direção de "Tolerância" salienta que essa unidade no trabalho em equipe não é um diferencial da Casa de Cinema, e sim, uma característica que a produtora tenta imprimir em todos os seus filmes. "Tentamos fazer com que o trabalho seja agradável, prazeroso, uma vez que o retorno financeiro não é muito grande", explica ela sorrindo. Ana prossegue, "o set não precisa ser um lugar tenso". Segundo ela, o set deve ser produtivo, mas "as pessoas devem se sentir à vontade para cumprirem sua funções e opinar", completa.

Em relação ao mercado de cinema brasileiro, ela acredita que continua complicado, tanto por causa da distribuição quanto pela produção em si. "A má utilização da lei de incentivos prejudica os cineastas e produtoras que estão desenvolvendo um trabalho sério", alerta.

Entre seus próximos projetos estão a direção da série de televisão Histórias do Sul, que será constituída por especiais com roteiros adaptados de clássicos da literatura gaúcha e o lançamento de seu curta, Três Minutos, no Festival de Gramado em agosto.

Como não poderia faltar a pergunta sobre a "Tolerância" em relação a situação de Márcia e Júlio no filme, Ana Azevedo responde não conhecer os limites de sua "Tolerância". "Ainda não a medi, nem cheguei no meu limite e espero não ter que conhecer", admite.
 



APRESENTA | SOBRE | PROJETO | DIRETOR | HISTÓRIA | ROTEIRO | ELENCO | ENTREVISTAS | ENQUETE
FOTOS DE CENA | DIÁRIO DE FILMAGEM | CRÉDITOS | TOLERÂNCIA
A CASA | FILMES | PROJETOS | CONEXÕES | NOTÍCIAS | CONTATO | ENTRADA | IN ENGLISH | EN ESPAÑOL