Jorge Furtado

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O Torpe no trono

O Torpe no trono.
 
Alexander Pope (1688-1744), foi um dos maiores poetas britânicos do século XVIII, tradutor de Homero, o segundo autor, depois de Shakespeare, mais citado no The Oxford Dictionary of Quotations.
 
Inspirado pelo momento político brasileiro, aqui vai minha tentativa de tradução de um trecho de “The Dunciad” (A Cretinália), poema satírico de Pope onde a deusa Torpeza ocupa o trono e manda aprisionar a Ciência, exilar a Arte e amordaçar a Lógica, acho que dá um RAP. Na minha tradução, o rei Torpe.
 
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Brilhava o raio podre da Estrela do Cão
Secando a terra fértil, ferindo a razão
Os pássaros em fuga, o sol virado em breu
Exposto à luz da lua o sábio enlouqueceu
Brotou e floresceu a semente do Caos
Em vez de luz e ordem, balas, pedras, paus
Um reino de torpeza, dor e injustiça
Onde governa o chumbo, o ouro, a cobiça
O rei Torpe no trono, o povo no chão
O cérebro nublado em confusão
O brilho cega, sombras no coração
O cão no trono, em volta os filhos do cão
Sob o seu reino, a Ciência algemada
A Arte no exílio, presa, torturada
A Lógica, rebelde, calada, sozinha
O Argumento Justo, despido, definha
A Mentira sustenta o seu braço.
A Justiça tarda, é um fracasso
Ofensas vergonhosas são medalhas
A Moral no bolso dos canalhas
(...)
O Torpe olha pros céus, apalermado
Caminha em círculos, pensa quadrado.
 
 
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Now flamed the dog-star’s unpropitious ray,
Smote every brain, and withered every bay;
Sick was the sun, the owl forsook his bower,
The moon-struck prophet felt the maddening hour:
Then rose the seed of Chaos, and of Night,
To blot out order and extinguish light,
Of dull and venal a new world to mould,
And bring Saturnian days of lead and gold.
She mounts the throne: her head a cloud concealed,
In broad effulgence all below revealed,
In Pursuit of Form (’Tis thus aspiring Dulness ever shines)
Soft on her lap her laureate son reclines.
Beneath her foot-stool, Science groans in chains,
And Wit dreads exile, penalties and pains.
There foamed rebellious Logic, gagged and bound,
There, stript, fair Rhetoric languished on the ground...
His blunted arms by Sophistry are borne,
And shameless Billingsgate her robes adorn.
Morality , by her false guardians drawn,
Chicane in furs, and Casuistry in lawn,
(…)
Now to pure space lifts her ecstatic stare,
Now running round the circle finds it square.
 
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https://en.wikipedia.org/wiki/The_Dunciad