Jorge Furtado
A tentativa de golpe, que está em curso, contra a democracia brasileira tem seu centro em Curitiba. Policiais que grampeiam ilegalmente a cela de presos e se utilizam destas gravações ilegais para conduzir os interrogatórios, policiais que vazam seletivamente denúncias de bandidos contra apoiadores do governo eleito e escondem ou ignoram denúncias dos mesmos bandidos contra os derrotados nas urnas, um juiz que atropela os mais básicos procedimentos da justiça, coagindo testemunhas e usando a prisão preventiva como instrumento de chantagem, servidores públicos que fizeram campanha aberta contra o governo e, derrotados nas urnas, buscam tomar o poder na marra.
A república de Curitiba tem o apoio explícito dos grandes veículos de comunicação, que dão centenas de manchetes a qualquer suspeita contra qualquer apoiador do governo eleito e escondem ou ignoram denúncias gravíssimas contra qualquer um dos derrotados nas urnas. Enquanto o governo, eleito democraticamente, é imobilizado pela covardia de seus ministros, é sabotado pela hipocrisia dos seus aliados, é acossado por um congresso venal e corrupto, é fustigado por jornalistas que pensam como manda o patrão, o país perde a chance de avançar, de gerar empregos, de seguir combatendo a sua criminosa desigualdade social.
A república de Curitiba e os seus apoiadores, a direita derrotada nas urnas nas últimas quatro eleições, torce e age pelo “quanto pior, melhor”. A direita, que ocupou o poder por décadas, que transformou o Brasil no país mais injusto do planeta, que sangrou os cofres públicos com a corrupção nunca investigada nem punida, tem como único interesse retomar o poder que perdeu nas urnas, o Brasil que se dane.
Resta saber se ainda há juízes em Brasília. E se o povo brasileiro, que oito vezes foi às urnas para derrotar a direita e garantir que o país não vai andar para trás, vai ficar assistindo a elite retomar o poder sem ter votos, interrompendo o mais longo período democrático brasileiro com mais um golpe.