Diário de Filmagem
por Carlos Gerbase
13/07/99 - Terça-feira

Iniciamos a última semana de filmagens. Ótimo. E péssimo, porque agora a gente tá gostando. A festa de domingo, no bar Ocidente, foi divertida. Tava toda a equipe lá, menos os que dormiram assistindo ao jogo de Brasil e perderam a hora. Na segunda, nossa última folga, ainda rolou um jogo de futebol. Meu time era Picolé (motorista) no gol; Roberto Bomtempo (ator) e Roberto Birindelli (ator) na zaga; Yan (microfonista), Paulo (motorista) e Hugo (motorista) no meio-campo; e eu, no ataque, claro, pescando atrás do goleiro adversário. Ganhamos por seis a cinco. Gols de Paulo (2), Yan, Hugo e este que vos escreve (2).

Por que eu tô escrevendo essas bobagens, se esse é um diário de filmagens? Simples. Um filme é muito mais que o monte de imagens e sons produzidos. Um filme é um período de vida de muitas pessoas. Algumas são velhas conhecidas, outras se conhecem no primeiro dia de filmagem. Cinema é muito maluco. E chega. Vamos ao trabalho.

Começamos às seis da manhã, equipe reduzida, para gravar o nascer do sol em Porto Alegre, visto da ilha da Pintada, num ponto em que é possível ver diretamente o armazém onde fica o nosso estúdio, lá na outra margem. Saímos ainda noite fechada, mas acho que valeu a pena. As nuvens estavam lindas, e o céu muito brilhante. Rodamos muito mais do que o previsto, para desespero da Ana, que está controlando o negativo de cima.

Voltamos para o "estúdio de Júlio" e filmamos a sua primeira aparição em "Tolerância" depois dos créditos. A ação envolve Júlio, o fotógrafo Emanuel (Birindelli) e a modelo Coralina (Rochele Sá). Acho que, além de introduzir o personagem, a cena ficou engraçada. O Bomtempo (sem querer puxar o saco) tem um grande senso de comédia. E faz tudo com pequenos olhares e gestos.

Às quatro da tarde, ainda saímos correndo para fazer uma externa. Teodoro cruzando a avenida Oswaldo Aranha. Primeiro no nível da rua, depois de um edifício (quinto andar). O final de tarde estava luminoso e muito quente (22 graus) para o nosso inverno. Sorte nossa. Que precisaremos de novo amanhã, em Gramado. E era isso, que amanhã saímos às seis.
 
 


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