Diário de Filmagem
por Carlos Gerbase
04/06/99 - Sexta-feira

Último dia para filmar as cenas nas proximidades da cachoeira em Igrejinha. E muitos planos para rodar. Começamos, com céu nublado e muito frio, a seqüência em que Márcia (Maitê Proença) conta para Júlio (Roberto Bomtempo) que transou com Teodoro (Nelson Diniz).

É um diálogo longo (três páginas) e fundamental para a história (diria o Syd Field que é a passagem do primeiro para o segundo ato do roteiro). O principal problema: os dois atores estavam sobre uma pedra na beira do córrego que vem da cachoeira, vestidos com roupa de banho, e a temperatura ambiente era de uns oito graus.

Mas aí o Alemão Gerson (maquinista e assistente de produção) veio com a solução: entre a pedra gelada e a toalha sobre a qual os atores ficavam, colocou um lençol térmico, desses que têm uma resistência no tecido e esquentam quando ligados à corrente elétrica. Resultado: a pedra ficou quentinha, dando um pouco mais de conforto para o elenco (até que o lençol começou a dar choque, no final da tarde, mas aí já estávamos no fim).

Depois de fazer todo o diálogo, filmamos a chegada das meninas, primeira cena em que aparecem Anamaria (Maria Ribeiro) e Guida (Ana Maria Mainieri). Para ganhar tempo, simplificamos a decupagem, fazendo tudo em apenas dois planos, com o uso da grua. Ficou legal (espero).

Para driblar a fome (a idéia era almoçar só no fim das filmagens), traçamos quilos de sanduíches e pastéis e litros de café. E preparamos a cena mais complicada do dia (e uma das mais delicadas do filme todo): a transa de Márcia e Júlio, que vem depois do beijo na cachoeira. Eu pensava em dois tipos básicos de enquadramento: bem abertos, com a câmara na grua, perto da copa das árvores; e bem fechados, com a câmara perto da pedra (mas ainda sobre a grua), para fazer os closes. Começamos com os abertos. O sol estava ajudando. Céu azul, quase sem nuvens.

A Maitê e o Roberto agüentaram bem o frio. Paulo Verri, o operador da grua, teve uma idéia: fazer um travelling sobre a água do córrego, até chegar na pedra "quente". O plano ficou legal, apesar de eu não saber exatamente onde vamos editá-lo. (Mas é isso é problema do Giba, o montador). Fomos para os closes com a temperatura (e a luz natural) caindo cada vez mais. Filmamos rápido, sempre com a câmara em movimento, mas cada troca de rolo era uma tortura para as atores. Às quatro da tarde, tudo estava terminado (inclusive o estoque de negativo). Almoçamos e voltamos para Porto Alegre.

O saldo dos três primeiros dias de filmagem parece ser bom: mais de sessenta planos filmados, uma das locações mais difíceis eliminada e nenhum problema técnico grave. Mas, na verdade, a gente ainda nem começou.
 
 


DIÁRIO DE FILMAGEM (1999): | INTRODUÇÃO | MAIO | 27 | 28 | 29 | 31
JUNHO | 01 | 02 | 03 | 04  | 05 | 06 | 08 | 09 | 11 | 12 | 13 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 22 | 23 | 24 | 25 | 26 | 27 | 29 | 30
JULHO | 01 | 02 | 03 | 04 | 06 | 07 | 08 | 09 | 10 | 11 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19
FOTOS DE CENA | MATERIAL DE IMPRENSA | CRÉDITOS | TOLERÂNCIA
A CASA | FILMES | PROJETOS | CONEXÕES | NOTÍCIAS | CONTATO | ENTRADA | IN ENGLISH | EN ESPAÑOL